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25 julho, 2010

Oi gente!

Parece que coisas acontecem na nossa vida que fazem com que voltemos a escrever com força total!

Ortografia e cego - missão impossível?

Estava eu ontem em um canal que foi criado para ter um lugar a mais de conversa entre os antigos freqüentadores (eu sei, o trema foi abolido, mas eu não consigo ouvir o Jaws for Windows lendo estranho; se melhorarem a fala dele na nova versão sem que eu tenha de distribuir o arquivinho de dicionário pra todo mundo que eu conheço e novato fique de fora, prometo tirar também!) do Hub for Ever, um canal de irc, quando um dos integrantes, o qual ainda não terá seu nome citado porque pode não apoiar, me perguntou se eu realmente era cego já que teclava com rapidez e perfeição. Aqui ele não entrou na questão de posição dos dedos tocando o F e o J, mas sim a ortografia. Expliquei pra ele que tive uma mãe bem implicante quanto à minha forma de teclar. Ao usar a crase, uma outra integrante do canal me perguntou se eu poderia explicar-lhe como usar a crase. Um terceiro irqueiro teceu o seguinte comentário:
"Chega a ser irônico uma aula de ortografia com um cego." Bem, não quero aqui ridicularizar o sujeito, tanto que o nome não vai ser referenciado, mas faço a seguinte reflexão pública:
Se o cego tem de aprender a escrever em Braille, que diferente da língua de sinais tem a mesma regra de pontuação, maiusculização das letras e até acentuação, o que tiraria a habilidade de um cego de lecionar neste campo? Bem, existe até mesmo gente que faz faculdade de letras, por ser um curso que não depende da visão mas do conhecimento lingüístico pra aprender! Entretanto, aqui embora seja uma espécie de desabafo, é mais um alerta também para outras pessoas, porque se o cego pode ter vida normal fora de casa como mostrou meu xará num vídeo que tem dele no programa da Ana Maria Braga e que pode ser encontrado no Google procurando por conheça a história do Carioca, no computador então nem se fala!

Esclarecedoramente,
Doidus!

7 Comments:

Blogger Fer said...

Bem, acho que o ser em questão fez certa confusão mesmo, em relação às limitações dos cegos.
Você falou de um cego poder fazer Letras e aprender Lingüística, e é justamente o que eu estudo, então posso confirmar como opinião fundamentada: pode.
Na minha opinião, conhecimento lingüístico em si não depende de visão, depende de contato com a língua, oral, através de conversas, música, etc, e escrita, através de textos. Acontece que a idéia geral, mais comum, de "contato com textos" e "leitura" está diretamente relacionada à visão. Mas, no que se realmente importa para a aquisição da linguagem, modalidades auditivas, como o Jaws, ou táteis, como o braille, me parecem apresentar a mesma eficiência.

3:05 AM

 
Blogger Fer said...

Existem vários tópicos relacionados a aprendizado de linguagem, mas o assunto que você trouxe fala especificamente de ortografia, grafar corretamente de acordo com normas da linguagem escrita. Sem querer ser simplista demais, nem generalizar, mas, só para efeito de explicação, a diferença fundamental entre ser mais ou menos hábil em ortografia seria entre "quem lê mais" e "quem lê menos". A língua escrita tem coisas diferentes da língua falada. Quanto mais contato você tem com uma língua, mais hábil se torna nela (sendo simplista de novo). Portanto, para ser hábil na linguagem falada, você precisa conversar, ouvir, usá-la. E para ser hábil na escrita, te que ler e escrever, ter contato com textos. E, como eu disse, a maneira mais comum e difundida de ler é a visual, porém, se uma pessoa consegue realmente aprender a grafar de uma outra maneira, usando audição, tato, lambendo o teclado com teclas de sabores diferentes, usando a força da mente ou dançando o Rebolation, e se essa maneira funciona e faz sentido para ela, desenvolve habilidades lingüísticas tanto quanto quem usou a visual, só que por um caminho diferente, usando instrumentos diferentes. Isso pode parecer estranho para alguém porque o caminho visual para leitura é óbvio, por isso acho que entendo o que o cara quis dizer, talvez simplesmente tenha tão enraizado na cabeça esse caminho óbvio que nem pensou que alguém poderia chegar lá por outro, porque o outro para ele seria considerado mais estranho e difícil. Eu imagino o quão difícil eu acharia aprender ortografia em braille, é quase de duvidar que alguém consiga mesmo, por isso ele estranhou, até o Djavan usou "mais fácil aprender japonês em braille" para ilustrar algo bem difícil, né. Mas, lingüisticamente falando, é possível aprender japonês em braille, e dificuldade é relativa, cada um tem uma idéia de "difícil".

3:06 AM

 
Blogger Fer said...

Enfim, a noção de "conhecimento lingüístico" não é diretamente relacionada à visão, mas a noção de "aprendizado lingüístico" costuma ser. O negócio é não confundir uma coisa com a outra. O aprendizado é o caminho para chegar ao conhecimento, e o visual, no caso, é o caminho mais comum de ser relacionado ao aprendizado ortgráfico, porque a grande maioria das pessoas usa a memória visual para aprender esse assunto. Dispondo desse recurso, ele costuma ser a escolha automática. Mas que há caminhos alternativos, há. E há também pessoas obtendo sucesso por eles, por isso dá sim para uma pessoa cega ensinar ortografia. É possível, só acho que, supondo que essa pessoa fosse dar aula para uma classe, ia ter que aprender a lidar com a memória visual dos alunos em seu modo de ensino. Mesmo porque pessoas diferentes aprendem melhor de jeitos diferentes. Tem gente que tem a memória muito visual, eu sempre ouvia colegas de classe dizerem que, na hora da prova, se lembravam de como estava escrita a matéria na folha do caderno ou na lousa, ou que copiar no caderno os ajudava muito a memorizar. A minha memória pelo jeito é um pouco mais auditiva, porque eu não costumo lembrar tanto assim da lousa ou da folha do caderno, lembro mais do tom de voz do professor, do que ele disse, das palavras que usava, às vezes até das piadas ditas durante a explicação. E eu não dava tanta importância assim para anotar no caderno tudinho o que o professor dizia, só anotava mais quando estava inspirada...
Sendo assim, nem sempre funciona copiar a fórmula do outro, memorização e aprendizado são questões meio pessoais, o melhor é procurar o que mais funciona para você.

3:07 AM

 
Anonymous Anônimo said...

andré por quê um cego nunca pode errar?

2:21 AM

 
Anonymous Anônimo said...

andré por quê um cego nunca pode errar? quantas casas pegam fogo, quantas pessoas são atropeladas, quantas tropeçam e caem e assim por diante, quantos imprevistos acontecem, mas se for com um cego imediatamente começa os comentários"que dó como deixam um cego ficar sozinho em casa, como deixam um cego andar sozinho na rua, coitado caiu no buraco por que não enxerga". essas criaturas que enxergam e que penssam dessa maneira, são totalmente sem noção, pois somente por sermos humanos já temos o direito de errar, não sabem que para morrer basta estarmos vivos. será que todas as fatalidades que existe só acontecem com os cegos?

2:49 AM

 
Blogger Fer said...

Maria Rita, certeza que não são só os cegos que passam por esse tipo de coisa... eu enxergo e já até dei com a cara em uma porta de vidro, não percebendo que ela estava lá... hahahah... foi no casamento da mãe de uma amiga minha, eu peguei comida no self-service, aí estava lá com o prato na mão e trombei na porta com tudo... é nisso que dá enganar a seleção natural e sobreviver, né...

1:56 PM

 
Blogger Jean Bernardo da Silva Vieira said...

Quem diz que cego e ortografia são incompatíveis certamente nunca leu um soneto de Ary Rodrigues da Silva ou uma fantástica aula de língua portuguêsa do professor Eduardo Paes. Cegos fantásticos que brilham no domínio de nossa língua, simplesmente porque gostam do que fazem. Num país em que o acesso à cultura literária ainda é um privilégio, quer pelo preço dos livros ou pela falta de investimento no ensino do gosto pela leitura, só se poderia supor que a maioria de nossa população é composta por cegos!
Um abraço de um leitor cego e inveterado!

4:32 AM

 

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