Pessoas doidas, malucas e críticas! Sendo amigáveis, podem postar comentários!

23 agosto, 2009

Oi gente!

Depois de mais um tempo na sombra, resolvi continuar nela, pois, a luz pra mim, de nada serve. Ironias aparte... Ou apenas começando... Lá vou eu!

Romantismo inacessível

Alguém já parou pra reparar como a nossa mídia é voltada ao corpo perfeito, ao rostinho bonito e ao bolso cheio? Bom, parece até que as músicas fazem isso! Vejamos o motivo de eu falar isso:
Pra não puxar a sardinha pro meu lado, ou seja, o da cegueira, vamos começar pelo teste de audição, promovido pelo Amado Batista:
"Se estás me ouvindo agora, venha até aqui." Bom, isso pelo jeito assume que ele só namora com pessoas de corpo perfeito, e que tetraplégicas estão fora de cogitação! Já que o refrão da música não rima com parte alguma além dela mesma, não era melhor pedir que "dê-me algum sinal"? A pessoa poderia até telefonar pra ele. Mas pelo menos, ele namora com alguém que estava perdendo a audição, então não era todo preconceituoso né? Por outro lado, mais um preconceito constatado nessa canção, é:
"Só porque o negro destino me roubou você." Por que o destino ruim tem de ser negro? Não poderia colocar, por exemplo: "Só porque o cruel destino me roubou você."? Bom, tudo bem que a mulher poderia ter se apaixonado por um negão, mas aí é outra história que a gente vai ter de perguntar pra ele! E a música do Ritchie? Parece que já sofreu processo por isso, mas vale sempre a pena relembrar:
"Você levou meu coração e levou o meu olhar. Eu sigo CEGO INFELIZ, querendo te encontrar..." Bom, primeiro que se ela levou o coração dele, ele segue ***** nenhuma! Ele tá é morto! E cego infeliz? Só sente falta dela ou dos olhos dele que ela roubou? Oh well, anyway... Mas a coisa continua nos programas de televisão:
No programa "Roda a roda" do SBT, o excelentíssimo Silvio Santos faz programa exclusivo pra vidente participar, já que cego nunca sabe em que posição as letras aparecem pra formar a palavra. Será que é pra economizar tempo pra botar no lugar os programas sensacionalistas que a turma tanto ama? E no Show do milhão, agora precisa assistir a uma novela, e não algo educativo, pra memorizar letras que aparecem na tela pra mandar pra ele! O caso é que a única coisa que ele fez acessível, que foi aquele relógio falante, já existia há muito tempo nos camelôs, no Ladra Cara, oops, Lara Mara, e em muitos outros pontos e ele ainda fez a propaganda mostrando que o relógio era útil só pra crianças, e nem mensionou os cegos! Que deu nocê, Silvão? Quer pressão ou vai me processar por isso?

Ácido e ainda clorídrico, desses que desentopem até vaso sanitário,
Doidus!

3 Comments:

Blogger Diniz! said...

Que justiça há no fato de exigirmos do mundo e não fazermos nossa parte? Como podemos lutar por acessibilidade, mesmo que essa luta consista apenas em pequenos escritos, quando nossa realidade, por nossa única vontade, contribui massivamente para o aumento do preconceito?
De forma geral, a falta de acessibilidade ainda existe por dois motivos: Preconceito e encargos. Certas pessoas ou empresas não se importariam em gastar alguns sentavos para tornar seus produtos/serviços acessíveis, porém não acreditam em nossa capacidade de consumo e atuação (preconceito total). Certas pessoas/empresas conhecem nossas limitações talvez melhor do que nós mesmos e sabem que podemos atuar em uma parcela da economia, consumo, trabalho e mercado, porém não pretendem gastar do próprio bolso para facilitar a nossa inclusão.
E assim essa realidade segue-se até que venha uma norma legal e enfia a acessibilidade goela a baixo dos preconceituosos e pão duros.
Só que essas leis não são obtidas assim tão facilmente. Os defiças que conseguiram a aprovação dos 5% de PNEs nas empresas privadas, a quota em concursos públicos, permissão para cães guias em espaços públicos, esses defiças não estão trancafiados dentro de casa escrevendo textinhos mal redigidos em blogs. Estão estudando, se qualificando, trabalhando, dando a cara a tapa e matando um leão por dia. Uma parcela dessas pessoas tem mais de uma deficiência, como é o caso do Moisés Bauer que além de cego não tem uma das mãos.
Então eu acho que tudo isso é uma grande ipocrisia. Uma pessoa que acha que o amor está sempre condissionado a um interesse e que ainda que tenha uma mente sã não sente-se capaz de lutar por si próprio, não pode ser capaz de pensar em idéias amplas como acessibilidade universal ou reivindicar o que quer que seja.
São acomodados como você que contribuem para a existência do preconceito, para o sensasionalismo midiático e a peninha que os menos esclarecidos sentem quando olham para um de nós. São pessoas como você, André, que com suas idéias gastas, vão de encontro a todo um trabalho de gente que tenta mudar para melhor a realidade para que, entre outras coisas, o mundo se torne mais acessível.
Apesar de todo carinho que tenho por você e das excelentes lembranças de quando éramos amigos, e até mesmo da falta que sinto dessa amizade, minha indignação com suas escolhas e a dos outros igualmente acomodados só aumenta. Não tenho só uma sociedade contra mim, mas também os meus semelhantes, cegos, surdos, cadeirantes, que ao invés de trabalhar estão pedindo esmola ou vendendo balas dentro dos ônibus, com textos decorados apelando pela pena e compaixão das pessoas. Gente que está dentro de casa não só por medo de enfrentar o mundo, mas por preguiça, acomodação e covardia. Gente que acha que sua deficiência justifica passar uma vida inteira nas costas dos pais, parentes e até mesmo do governo, como é o caso dos beneficiários da Loas.
O que também me deixa triste é saber que não somos amigos não só pelas manobras cerpentísticas da sua mãe, ou pelas minhas infantis brincadeiras que você nunca gostou. Pessoas especiais se afastaram de você pela sua recusa a comportar-se como uma pessoa normal e mais, pela sua recusa a se ver como uma pessoa comum. Se eu sou diferente, se você é diferente, se dois gêmeos idênticos são diferentes, o papel real da inclusão é justamente relacionar a adiversidade de pessoas, proporcionando acesso de tudo a todos. Isso ainda é utopia, mas um dia, quando os próprios PNEs não lutarem contra si mesmos, daremos um importante passo.
*
Movido pelo amor e pela indignação, amar e mudar as coisas me interessa mais.
Diniz.

3:30 PM

 
Blogger Diniz! said...

Esse comentário virou uma postagem no meu Blog

4:04 PM

 
Blogger Javier Ortiz I. said...

o amor é um engodo, o amor é mais do que isso é um absurdo... só luta por ele, e em seu nome quem não reconhece em sua base ou quem inveja a de quem nela se baseia... o amor é uma doença, um mal-estar, que fica, mesmo que mal pois quando há ele, por fim, está, não se precisa coloca-lo nem pelo bem nem pelo mal... o amor é argumento dos fracos e perversos, mas poucos assumem estar de um lado ou de outro... quem ama não precisa alçar o seu nome para demonstra-lo... como nas mais extensas bíblias o seu sinônimo em Deus ou o Deus que é adotado é pecado ser usado em demasia ou simplesmente esquecido... o amor usado como argumento é a tentativa do engano, como um remedio para emagrecer, para sorrir, para falar, para enxergar, para teclar, como se tudo isso nos fizesse mais feliz... feliz, felicidade é o engano do amor, o amor não permanece enquanto palavra, porque ele é ato, pobres dos que argumentam sem o ato, ou se vangloriam pelo mesmo, da no mesmo que pedir esmola da no mesmo recusa-lo... só ama quem foi amado, só reconhece o amor quem já o viveu, mas para isso não há lembrançã consciente, não há palavra que a resuma, não há argumento com sua palavra, só há o vazio do engano, por parecer cheio, ilusório, perfeito... quando passamos a vida furados, atravessados, deficientes de diversos modoss.

11:56 PM

 

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